Um intenso movimento colonizador se fez sentir com o advento da província do Paraná, a partir de 1853. [...] Segundo o historiador Paranaense Romário Martins, “... Em 1875 tinha a Colônia Assungui 1824 habitantes, sendo 775 Brasileiros, 338 Franceses, 221 Ingleses, 202 Italianos, 171 Alemães, 16 Espanhóis e 1 Sueco”. (encontra-se escrito também Açungui). Os primeiros administradores foram: Barata Ribeiro, Manoel Nabuco e José Borges, que contribuíram para que o núcleo às margens do rio Ponta Grossa fosse elevado à categoria de Freguesia, em 2 de Abril de 1872, invocando as graças de Nossa Senhora da Guia, Padroeira.
D. Pedro II era pessoa culta e o símbolo cultural da época era representado por bibliotecas e museus. A população aqui assentada era também de pessoas com culturas étnicas diferenciadas: falavam os idiomas Alemão, Francês, Inglês, Italiano, Espanhol [...] Muitos entraram com qualificação “lavrador”, mais eram pessoas com curso técnico ou superior como foi o caso de Henrique Henning, construtor civil responsável pela construção e mestre de obras da Catedral Metropolitana de Curitiba e de muitas residências famosas (aqui fez morada na fazenda Olho d’água. Foi professor da escola de artes e ofícios de Mariano de Lima, em Curitiba) e José Heidegger, oficial Francês.
D. Pedro atendeu aos anseios do povo. Fase caracterizada pelas construções de bens físicos, como a Casa da Administração, onde está hoje a Câmara municipal (ali também foi Prefeitura, Fórum e mais tarde se alojaram Biblioteca e Museu. Na Igreja Central Presbiteriana em Curitiba, encontra-se também um livro ata de registros de casamentos, batismos e confissões de pecados, da antiga colônia Assungui, ou Açungui. Desta mesma igreja, conta o saudoso Professor Moacir Bassetti que, a pedido, o Imperador (Kaiser), da Alemanha mandou jarra e bacia de ouro para batizar os 12 filhos de Dona Elizabete Straube e dos von der Osten, cujas peças pertencem hoje à igreja luterana de Curitiba. [...] As obras deram impulso a colônia. Muitos colonos descendiam de famílias nobres da Europa e não se adaptaram a vida rústica do sertão paranaense. Uns regressaram à pátria. Outros mudaram-se para Curitiba e Santa Catarina. Os que aqui ficaram, raça de bravos heróis, lutaram com toda a sorte de dificuldades de um meio agreste e montanhoso, apesar da colônia estar dividida em quarteirões regionais (1°, 2°e 3° territórios) e estes nas chamadas “letras” de terras, contendo 12,5 doze alqueires e meio, igual a 302.500 m². As viagens eram nos caminhos de picadas na mata, sem estradas, usando as malas de couro (bruacas) ou cestos de taquara ou bambu, jacás e como meio de transporte o lombo de animais chamados cargueiros.
Povoaram a beira do Rio Turvo, Ribeira Acima, Ribeira Abaixo, a sede, beira do Ponta-Grossa e os demais lugares, se destacando os nomes: BRAINE, BODY, BALLES, BUARD, BICHELS, BLUM, BARBIOT, BRIATORI, BOULARD, BASSETTI, BRUNO, CHANAN, CROPOLATO, CHANDELEUR (ier), CLUG, COPELLLETTI, CRIPPA, CHARQUETTI, CIOLA, CERBELO, DESPLANCHES, DEPETRIS, ERAT, FITZ, GERALD, GILLIET, SCHEFFER, GEFFER, GLODIS, HILMAN, JAQUETTI, RAAB, RESTORFF, SAISS, SAID, SCHENAIDER, SEGAT, STRAUB, ROSNER, TIBLIER, VELMAN, WELCH, WOCH, WOLKER, VON DER OSTEN, WIGRT, PAIK, MATIAS, PERRONI, MAUGGER, DRINGOT, GRINGOT, GLUG, BLETNER, e tantos outros. (com o passar do tempo muitos nomes modificaram sua ortografia e fonética, com som abrasileirado).
Cerro Azul, dependendo a data que se toma de referencial, fundada em 1860, viveu 29 anos sob o domínio imperial. [...]
Texto: Dr. Ruy Guiguer, no estudo “Acordem, Cerro-azulenses”
Adaptação: Prof. Vania de Moura e Costa