Estive ontem com uma pessoa extraordinária que temos o privilégio de ter entre nós. Eu já a conhecia de vista e também já ouvira falar a respeito dela. Porém, nunca tínhamos nos falado anteriormente. O prazer que tive em conversar com ela superou minhas expectativas: trata-se da nossa querida DONA IRIDÊ, dona de uma memória prodigiosa e de uma conversa que cativa. Recebeu-me ontem em sua casa, no final da tarde para uma gostosa conversa (que incluiu logicamente muito das suas memórias). Lá estavam também o Odilon Bichels (descendente do 1º Bichels de Cerro Azul) e a Dra. Léia Silva (filha de um dos nossos queridos cerroazulenses pracinhas da FEB de saudosa memória – o Sr. Antonio Silva, cuja mãe era da família Klug).
Dessa conversa, resultaram algumas informações preciosas que registro aqui:
Seu nome completo é Iridê Taborda Ribas von der Osten. Ela nasceu em 28/10/1929, na cidade de Rio Negro, filha de Pergentino Taborda Ribas e Wilhelmine Lüeb Heidegger e neta de Francisco Taborda Ribas, que foi prefeito daquela cidade. Com a morte de seu pai, em 1935, Dona Iridê veio para Cerro Azul, onde sua mãe casou-se novamente com o Sr. Emílio Heidegger, um dos filhos de José Heidegger. Sobre os Heidegger ela nos conta: o casarão histórico onde hoje funciona a Lanchonete “CASARÃO” foi construído por José Heidegger e passou por herança aos seus descendentes até ser comprado pelo pai do atual proprietário, o Sr. Ricardo Luiz de Oliveira. O imigrante José Heidegger, natural da região européia da Alsácia Lorena, fixou-se aqui ainda na época da Colônia Assunguy, inicialmente na comunidade do Turvo, vindo posteriormente para a sede do município. Seus filhos homens: Emílio Heidegger e Darci Heidegger (pracinha da FEB, condecorado com medalhas dos E.U.A.). Em 1937, com a implantação da linha telefônica na região, Emílio Heidegger começou a trabalhar como guarda-fios, mantendo a linha limpa e roçada.
Em 15/01/1949 Dona Iridê casou-se com Dourival von der Osten (o “seu Ninico” de saudosa memória), filho de Alberto von der Osten, neto de Willand von der Osten e bisneto de Alfredo von der Osten. A ponte “Alberto von der Osten”, de concreto, sob o Rio Ponta Grossa, foi construída durante uma das gestões do Prefeito Athanagildo de Souza Laio, quando a antiga ponte, de madeira, desabou. A nova ponte foi construída em terras doadas pelo Sr. Alberto von der Osten. Dona Iridê nos conta que até que a nova ponte ficasse pronta o Prefeito construiu outra, provisória, próximo à sua casa. Para os que não conhecem Cerro Azul, parte do rio Ponta Grossa localiza-se no centro da cidade. Tanto é que em vários registros históricos, encontro menções da formação da Colônia Assunguy “às margens do Rio Ponta Grossa”. A sede da Colônia Assunguy – o 2º Território – abriga hoje a sede do município de Cerro Azul.
Dona Iridê lembra com muita saudade da casa onde funcionava o Correio: o capitão Guilherme Straube, enteado de Alfredo von der Osten e um dos primeiros Prefeitos de Cerro Azul, era comerciante e sua residência e casa comercial ficava numa antiga casa da Praça Monsenhor Celso, onde hoje fica a “Multiloja”. Segundo ela, era uma casa comercial que oferecia artigos finos, vindos diretamente da Europa. Ali funcionou também a agência do Correio de Cerro Azul, onde Dona Iridê trabalhou durante 30 anos.
Durante nossa conversa, O Sr. Odilon me contou também que os imigrantes alemães (e irmãos) Alfredo von der Osten e Adolf von der Osten aceitaram lutar na Guerra do Paraguai devido à promessa por parte do governo de receberem “letras” de terra na Colônia Assunguy. Adolf morreu logo no início do conflito e Alfred fixou-se na Colônia, vindo a ser o 1º von der Osten da região (parece que o governo não cumpriu devidamente a promessa... mas, ainda assim, ele prosperou).
Lothario von der Osten, possivelmente filho de Adof von der Osten e sobrinho de Alfredo von der Osten, que tinha por profissão piloto (desenhista), foi quem desenhou o primeiro mapa de Cerro Azul. Contou-me o Sr. Odilon que no verão, Lothario mudava-se para a localidade da Serra, devido ao calor.
Aos 14 anos Dona Iridê começou a trabalhar como professora municipal, à época do Prefeito Oscar Bassetti. Mas na maior parte de sua profissional trabalhou no Correio, onde iniciou em 02/11/1951, trabalhando até 1979. Dona Iridê foi a 3ª funcionária dos Correios em Cerro Azul. Antes dela trabalharam Dona Maria Bianchini (avó de Dona Alvina Rocha) e Dona Maria Etelvina Ciola de Oliveira.
Assim como Dona Iridê, Cerro Azul tem várias e importantes mulheres, que ajudaram e ajudam a construir nossa história. É de extrema importância registrar suas memórias para que as novas gerações fortaleçam cada vez mais o amor que devemos ter por essa terra – o nosso Cerro Azul, palco onde somos todos protagonistas dessa grande história que vai sendo construída e contada todos os dias!