27 de jun. de 2010

A Revolução de 1930 passou por Cerro Azul!

Em 1930, O Prefeito Alberto Domingos Bassetti foi deposto pelos militares por ocasião da Revolução e escapou de ficar preso graças a influência do chefe político e cunhado Ricardo Emygdio Ribeiro, ficando confinado em sua casa. Sobre o episódio da passagem das tropas, contava o saudoso Prof. Moacir Bassetti, no estudo “Acordem Cerroazulenses, Acordem!”:
“Era uma manhã de 1930. Pela primeira vez um aviãozinho, de cor vermelha, apareceu roncando nos céu de Cerro Azul, causando pânico nas pessoas e nos animais nos campos. Conta - se que muitos se enfiaram embaixo da cama de medo desse objeto voador, dantes nunca visto. Tropas chegaram do Rio Grande do Sul e acamparam em terras dos Bassetti, onde hoje é a Igreja da Assembléia de Deus e outros contingentes em terras de Otto Bichels. Montaram o quartel general na esquina, onde hoje é a lanchonete “O Casarão”. Cerro azul virou uma praça de guerra. Os jovens foram convocados para prestação de serviço militar de sentinela, dia e noite, das tropas. As reservas alimentares do comércio e particulares de Cerro Azul foram requisitadas para a tropa acampada, principalmente os melhores cavalos. Com a chegada de mais tropas vindas do sul, partiram rumo à divisa de são Paulo, pois queriam chegar ao Rio de Janeiro, Distrito Federal, e depor o governo do Presidente Washington Luis. Um porém existia: era preciso atravessar o rio Ribeira. Devido à chuva, o rio estava muito cheio e o balseiro Luiz Ricce, auxiliado por Aladim Monteiro na balsa velha, advertiu o comandante que não carregasse muito a balsa por que poderia afundar. O comandante, autoritário, replicou: _ Você não entende nada disso! Entraram todos na balsa, portando seus armamentos, munições pesadas, caixas de balas, burros atrelados com metralhadoras, cavalos de montaria dos oficiais. E começou a travessia... No meio do Ribeira, o peso era tanto que aconteceu o inevitável: a balsa afundou com tudo e todos, a maioria morrendo afogada. De repente, cavalos adentraram na cidade disparados com arreios de atravessado, provocando nas pessoas circulantes admiração. Tinha chegado a notícia: a balsa afundou no Ribeira! Foi um grande acidente: corpos encontrados ao longo das margens. Nesta ocasião a carretilha da balsa pegou a mão do balseiro Ricce, amputando os dedos de uma de suas mãos. No final ficou tudo sepultado no fundo do Ribeira, somente a balsa flutuava. Um capitão valente e autoritário, de quem ninguém gostava, salvou-se agarrando – se numa das pedras e com a arma na mão bradava, pensando que do lado oposto ao Rio Ribeira era o Estado de S. Paulo: “_ Daqui pra frente matem todos os animais e saqueiem as casas. Prendam os resistentes!”. O trágico aconteceu: o Ribeira foi enchendo enquanto ele gritava. As águas revoltas e encapeladas tragaram o capitão. Com a vitória do movimento revolucionário chefiado por Getúlio Vargas Cerro Azul voltou à normalidade.
Texto: Dr Ruy Vilela Guiguer

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