4 de set. de 2009

Festa de Nossa Senhora da Guia - Padroeira de Cerro Azul


Esta fotografia foi feita em 08 de setembro de 1933. Nela se vê como eram as comemorações da Festa da Padroeira. À esquerda, é possível ver um dos quatro coretos que existiam na Praça Monsenhor Celso.

No dia 08 de setembro, a população do município de Cerro azul comemora com uma grandiosa festa o dia da sua Padroeira “Nossa Senhora da Guia”. A celebração é realizada no Largo da Matriz e ruas adjacentes à Praça Monsenhor Celso. Fazem parte da programação a procissão, batizados, feira de produtos, churrasco no almoço, além de outros eventos no salão paroquial. O ponto alto da festa é a celebração da Santa Missa Solene.
Segundo o pároco, Padre Antonio Konkel, a Igreja de Cerro Azul foi inaugurada em 02 de Abril de 1872 (início da paróquia). A imagem da santa foi trazida para Cerro em 1884, pelo embaixador do Brasil em Portugal, Brasílio Itiberê da Cunha, que era irmão do segundo pároco, o Monsenhor Celso. Segundo a historiadora Odah Regina Guimarães Costa, em seu livro “A ação empresarial do Barão do Serro Azul”, a imagem foi patrocinada pelo Barão do Serro Azul (Ildefonso Pereira Correia) e sua esposa, Maria José Correia, a Baronesa do Serro Azul. Por ocasião do recebimento de seu título (08/08/1888), o Barão recebeu várias pessoas que vieram parabenizá-lo: “O Barão do Serro Azul recebeu diversas outras manifestações de apreço, principalmente na vila do Serro Azul, através do vigário da Paróquia, Padre Celso Cezar da Cunha, da Câmara Municipal e do Clube Literário, sendo-lhe conferido o título de Presidente honorário da sociedade Glória e Harmonia e concedido o título de sócia honorária à Baronesa do Serro Azul, que colocava à disposição da Igreja local a quantia de 100$000, tendo já feito, anteriormente doação de uma imagem de Nossa Senhora da Guia. O Barão do Serro Azul colaborara com a Sociedade Glória e Harmonia desde 1884 e contribuíra para o bem estar daquela comunidade, procurando desenvolver as suas vias de comunicação e fazendo doações para a igreja local (GUIMARÃES, 1981). O casal teria doado também os utensílios religiosos para a paróquia.
A devoção a Nossa Senhora da Guia é tipicamente portuguesa, muito conhecida em Portugal, principalmente ao norte. No Brasil são poucas as Igrejas que adotaram essa padroeira. Ela tem uma estrela na mão que simboliza luz para os devotos. Conta Padre Antonio que Cerro Azul escolheu essa Santa por causa das dificuldades que os colonizadores enfrentaram na época da Colônia Assunguy: doenças, difícil acesso, dificuldades financeiras, falta de comunicação, animais selvagens e o clima quente.

HISTÓRIA DE NOSSA SENHORA DA GUIA

Sob o aspecto histórico o título de Nossa Senhora da Guia tem sua origem na Igreja Ortodoxa onde a Santíssima Virgem invocada sob o nome “Odigitria”, que significa “condutora”, ”Guia” de Jesus desde a infância até o início de sua vida pública, conseqüentemente invocada como guia e protetora do povo de Deus.
São diversos os locais onde Nossa Senhora da Guia passou a ser venerada. Via de regra, a Virgem Maria encontra-se sentada segurando o Menino Jesus como que amparando, mas diversos outros ícones da Virgem Guia variam conforme a localidade e os costumes. Representações mais recentes apresentam Maria a meio corpo, vestida com uma túnica branca e um manto azul. Sobre a cabeça um véu branco e as mãos unidas em oração. Há outras representações que variam, algumas delas apresentam-na com uma estrela em uma das mãos simbolizando a estrela-guia, que conduziu os Reis Magos até a manjedoura onde se encontrava o Menino Jesus.
No Brasil sua difusão deve-se aos portugueses, que trouxeram a devoção de Portugal, onde a festa é comemorada junto com Nosso Senhor do Bonfim. No ano de 1745, um capitão da Marinha Real aportou na cidade de São Salvador, Bahia, trazendo em seu navio tanto a imagem de Nossa Senhora da Guia quanto a de Nosso Senhor Jesus do Bonfim, as quais foram transportadas até a Igreja de Nossa Senhora da Penha, situada na localidade de Itabagipe. O vitral dentro da Igreja representa a arte sacra valorizada pelos descendentes dos imigrantes que colonizaram a região.

Fonte: Adaptado do Jornal “Correio Metropolitano” – de setembro de 2006/Edição 022 – ano II