24 de out. de 2010

150 Anos de um passado...

Olhando para o alvorecer de nossa história naquele ano de 1860, quando aqui chegaram as primeiras 05 famílias alemãs para trabalhar e construir a Colônia Assunguy, a sensação é a de que o tempo voou em Cerro Azul! São conhecidos os ditados: “povo que não tem passado não tem futuro” ou “recordar é viver”. Então vamos recordar...

A história de Cerro Azul começa muito antes da chegada dos imigrantes à Colônia Assunguy. Existem vestígios arqueológicos que indicam a presença das primeiras comunidades humanas na região do vale do rio Ribeira. Os vestígios desses primeiros habitantes também são encontrados em Cerro Azul, nos vários sítios arqueológicos da região. O cerroazulense originou-se da mistura de diversas etnias: os povos indígenas da etnia kaingang (chamados de índios coroados), os primeiros portugueses a chegarem aqui, os afrodescendentes trazidos ao Brasil como escravos e os imigrantes que vêm para a Colônia Assunguy (principalmente alemães, italianos, ingleses e franceses). Hoje em dia, em várias famílias cerroazulenses podem ser identificadas permanências da história desses homens, mulheres, jovens e crianças de outros tempos. Seus descendentes ajudaram a construir a história do município. A história das pessoas que viveram e vivem aqui é muito interessante para se recuperar a história de outras épocas: a história da querida “Tia Olívia”, dos nossos “pracinhas” que lutaram na II Guerra Mundial, as histórias fantásticas do Hermógenes e de muitas outras figuras que ficarão para sempre em nossa memória.

Cerro Azul já teve vários nomes: Colônia Assunguy, Freguesia de Nossa Senhora da Guia do Serro Azul, Vila Assunguy, Serro Azul, Cêrro Azul, Cerro Azul. Aqui também temos vários lugares que nos ajudam a unir a história do presente com a história do passado. Lugares que nos intrigam, despertam curiosidade e estimulam perguntas como “quem morou nessa casa?”, “o que e como era aqui antes?”. Dentre esses lugares podemos destacar: a Praça Monsenhor Celso, a Casa da Cultura, os casarões, entre muitos outros lugares históricos.

Nossa história pode ser contada também através da nossa atividade econômica principal, pois a ligação de Cerro Azul com a agricultura é bastante antiga: desde a época de criação da Colônia Assunguy, o objetivo era transformar a região em “celeiro do Paraná”, onde o trabalho dos imigrantes europeus produziria os gêneros alimentícios de que Curitiba tanto necessitava. A pedido do governo imperial veio para a região um grupo de agrônomos com a finalidade de analisar o solo e o clima. Constatou-se que poderiam ser cultivadas, entre outras lavouras, a cana-de-açúcar, o milho (os quais Cerro Azul já teve produção significativa na região), com destaque para as frutas cítricas. A partir dos anos 20 do século XX, o município se tornou um grande produtor de laranjas, sendo conhecido até hoje como “Capital da Laranja” (em 1926, o produtor Conrado von der Osten ganhou a medalha de ouro por sua produção, na Exposição dos municípios em Curitiba; a tangerina da variedade “ponkan” foi introduzida na região por Sílvio Antonio von der Osten e a primeira carga dessa fruta foi levada a Curitiba para venda por Agenor Francisco de Moura e Costa, nos anos 60). Hoje, a economia de Cerro Azul continua sendo de base agrícola, com ênfase na produção de frutas cítricas de variedades diversas, com destaque a “ponkan”. O agricultor é uma das figuras mais importantes do município e para apoiá-lo são desenvolvidas ações visando sua fixação no campo, tais como a agroindústria, a agricultura familiar, o ecoturismo, o turismo rural e de aventura.

A criação de diferentes formas de recordar o passado é uma atividade incorporada à vida cotidiana das pessoas, que nos possibilita organizar nossas lembranças a partir de acontecimentos relacionados à nossa vida individual e coletiva. Somos um povo com muitas tradições culturais. Temos várias festas públicas, isto é, aquelas que envolvem a participação de homens, mulheres, jovens e crianças da localidade. Assim, nossa história também pode ser contada a partir do modo como hábitos e costumes que envolvem o preparo, a vivência e a recordação dessas festas tornaram-se parte de nossas vidas cotidianas. Podemos destacar a Festa da Laranja, a Festa de nossa padroeira (Nossa Senhora da Guia) e o aniversário do município.

Ao comemorarmos com muita alegria o ano do sesquicentenário de nosso município, é preciso lembrar o passado desta terra. Afinal se hoje, no presente, não lembrarmos e não valorizarmos o que ocorreu no passado, talvez no futuro não saibamos contar o que aconteceu hoje. E o passado não é uma coisa triste, “cheirando a mofo”. Pelo contrário! O passado é vibrante, fala direto ao nosso coração. Nosso passado é emocionante por estar intimamente ligado ao nosso presente. Ele nos diz quem somos e de onde viemos, mostra nossas raízes, nos ajuda a construir nossa identidade. De nascimento ou de coração, somos cerroazulenses! Pertencemos a esta terra e esta terra nos pertence.

Prof. Vania de Moura e Costa

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