11 de ago. de 2009

A história do Barão do Serro Azul


A história do Barão é fascinante! 

Mas... o que a história de Ildefonso Pereira Correia, o Barão do Serro Azul, tem a ver com a nossa cidade? O nome da cidade está relacionado ao Barão? Mistério... Ainda há muito por pesquisar, muito por desvendar, muito por discutir... Voltarei a esse assunto com mais profundidade. Por enquanto, sintam o "gostinho" dessas duas notícias abaixo que garimpei:

 Nobre que deu vida pela paz tem heroísmo reconhecido
Passados 114 anos de sua morte, o barão do Serro Azul tem o nome inscrito no Livro de Aço dos Heróis Nacionais (Pollianna Milan)

Foi preciso esperar 114 anos para que o país finalmente conseguisse reconhecer um homem que deu a vida para proteger Curitiba: em dezembro do ano passado, o fazendeiro e político Ildefonso Pereira Correia, o barão do Serro Azul, teve seu nome incluído no Livro de Aço dos Heróis Nacionais, do Panteão da Pátria Tancredo Neves, em Brasília. A indicação do nome do barão partiu do senador Osmar Dias (PDT-PR). “É preciso fazer justiça com a história brasileira. Era necessário corrigir um erro do passado, porque o barão foi tido, por cerca de 40 anos, como traidor. Se não fosse ele, Curitiba teria passado pela Revolução Federalista com um saldo de mortes muito grande”, explicou o senador.A injustiça está marcada, até hoje, com uma cruz no quilômetro 65 da Serra do Mar, na estrada de ferro que liga Curitiba a Paranaguá. Foi nesse local que o barão do Serro Azul e mais cinco companheiros foram fuzilados pelo Exército de Marechal Floriano Peixoto, os conhecidos pica-paus. Para entender o que aconteceu, é preciso voltar a 1893, quando os revoltosos do Rio Grande do Sul, conhecidos como maragatos, decidiram invadir o Paraná levantando a bandeira pela República e pela derrubada do presidente Marechal Floriano do poder.

Brasileiros são homenageados por seus ideais de liberdade e democracia
O Livro de Aço dos Heróis Nacionais fica no salão principal do Panteão da Pátria Tancredo Neves, na Praça dos Três Poderes, em Brasília. O livro é feito por páginas de lâminas de aço que podem ser folheadas. Em cada uma delas há a inscrição do nome de um dos heróis nacionais e um pequeno histórico sobre eles. A escolha de cada herói é feita pelo Congresso Nacional: são aprovados apenas os nomes que comprovadamente são de brasileiros que tinham ideais de liberdade e democracia. Desde 2007, ficou estipulado que os nomes dos heróis só poderiam ser indicados depois de passados 50 anos da morte do homenageado. Atualmente são dez os heróis que já tiveram o nome registrado no Livro de Aço: Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes; marechal Deodoro da Fonseca; Zumbi dos Palmares; dom Pedro I; Luís Alves de Lima e Silva, o duque de Caxias; José Plácido de Castro; Joaquim Marques Lisboa, o almirante Tamandaré; Francisco Manuel Barroso da Silva, o almirante Barroso ou barão do Amazonas; Alberto Santos Dumont; e José Bonifácio de Andrada e Silva. Três nomes já foram aprovados pelo Congresso, mas aguardam solenidade especial para serem incluídos no livro: Manuel Luís Osório, o marechal Osório ou marquês do Erval; Francisco Alves Mendes Filho, o Chico Mendes; e o primeiro paranaense considerado nacionalmente como herói, Ildefonso Pereira Correia, o barão do Serro Azul. (PM)

Os maragatos chegaram em três frentes ao estado: por Tijucas do Sul, pela Lapa (onde a resistência deixou várias pessoas mortas) e por Paranaguá. “É preciso lembrar das adesões internas da revolução, por parte da população local. As condições dos homens do campo e a decadência da atividade campeira fizeram com que muitos paranaenses aderissem ao movimento dos maragatos”, explica o doutor em História Rafael Augustus Sêga, professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). O então presidente do estado, Xavier da Silva, ao saber da proximidade dos maragatos, pediu licença do cargo sob a alegação de que tinha de tratar de problemas de saúde. Vicente Machado, o vice, assumiu e decidiu transferir a capital para Castro, sua cidade natal. Curitiba ficou à mercê dos revoltosos que já chegavam ao município, até mesmo de trem, para tratar dos feridos. Os boatos sobre a possibilidade de saques no comércio, inclusive a ameaça à integridade das famílias que decidiram ficar, fizeram com que o barão do Serro Azul tomasse a decisão de cuidar de Curitiba, por meio de uma junta governativa.
Serro Azul considerava desnecessário derramar mais sangue: para ele, o Cerco da Lapa já tinha deixado um saldo de mortes muito grande. Por isso, decidiu negociar com os maragatos: em troca da paz e da inexistência de saques no comércio, o barão emprestou, com o apoio de alguns comerciantes, dinheiro a Gumercindo Saraiva, chefe dos maragatos. A negociação, entretanto, foi vista como uma traição por parte dos florianistas. Serro Azul não era maragato nem pica-pau. Justamente essa posição neutra lhe tirou a vida. “Dizia Maquiavel, em O Príncipe: um político, quando não toma partido, quando não escolhe um aliado, passa a ser visto com desconfiança pelos dois lados da guerra”, afirma o cientista social e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Ricardo Costa de Oliveira. Os maragatos perderam a batalha porque tiveram parte das forças diluídas no confronto da Lapa, tinham pouco armamento e estavam fragilizados. Gumercindo e sua tropa saíram em retirada. Vitoriosos, os florianistas entraram triunfalmente em Curitiba. Com os pica-paus no poder, Serro Azul e mais cinco companheiros foram presos sob a alegação de que deveriam ser julgados pelo Conselho Militar, a respeito da “ajuda” que teriam dado aos maragatos. Na calada da noite, os seis homens foram levados de trem, em direção à Paranaguá, sob o pretexto de que embarcariam de navio até o Rio de Janeiro onde receberiam a sentença. Foi uma emboscada. O trem parou no quilômetro 65, os amigos de Serro Azul e ele foram mortos a sangue frio: um tiro nas pernas deixou o barão de joelhos e, depois, ele foi fuzilado. Um amigo da família do barão desceu até o local para tentar achar os corpos, que no outro dia já estavam em estado de decomposição. Era arriscado tirá-los dali, porque os pica-paus estavam por perto. Os mortos foram escondidos e, depois de alguns dias, o amigo voltou para tentar enterrá-los dignamente. Até hoje não se sabe com certeza se o corpo que está no mausoléu do Cemitério Municipal de Curitiba é mesmo o do barão do Serro Azul: pode ser dele ou de um dos outros cinco homens que foram mortos injustamente.
Fonte: http://portal.rpc.com.br/ - publicado em 31/01/2009

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